Dor Irradiada

Quando estava vivo
Sentia uma dor se espalhar
Um misto de desespero e pânico a me atormentar
Ao mesmo tempo que falava
Termine! Termine de me matar
E essa dor foi se espalhando
Pernas, pés, Coluna
Até que numa noite
Eu me vi de uma outra posição
Senti meu corpo degradar
Ainda que a dor nunca chegue a cessar
Hoje eu ao menos posso caminhar
Mas caminhar para onde?
Se ainda há tanta dor para curar
Dor de alma
Que não dá qualquer sinal de que vá parar
E nada me acalma
Nesses dias sempre noite
O sono eterno
Só o interrompidos
Pelos gritos
Pelos lamentos sofridos
Pelo apoio que nunca tive
Pela condição mental em declive
Pelos pedaços 
De meus sentimentos
Que nunca foram recolhidos
Meus pedaços seguem escondidos
Em cada lugar desta casa
Embaixo da escada
Na grade da sacada
Na gaveta da cozinha
Nos gritos e choros no sótão
De uma alma
que mesmo com corpo
Sempre foi sozinha

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